Dando tratos à bola
Borges e Nicolau
A luz é uma onda eletromagnética, embora em certas situações comporte-se como “partícula”.
Quando o dia está ensolarado clareia tudo e parece um fluido, como os gases e a água. Um fluido invisível e consistente, uma sopa de fótons, “partículas” minúsculas que ao colidir e iluminar elétrons ora os arrancam dos metais, ora interferem nas observações dos físicos, que transtornados exclamam:
- Onde está? Agora mesmo estava aqui! Provavelmente está ali, caso não esteja, certamente deve estar por perto. Como são fugidios esses elétrons. Gauches na vida. Seria por causa da carga negativa?
Caminhando sem sentir o vento vi um caminhão bater numa bola de futebol que desembestou a voar quase atravessando o quarteirão. O caminhão não estava a mais de 30 km/h. Supondo que no instante da colisão a bola estivesse com velocidade nula e levando em conta a diferença de massa entre ela e o caminhão, fiz alguns cálculos rápidos e conclui que imediatamente depois da pancada a velocidade do esférico beirou os 60 km/h.
Como achei esse número? Vamos lá. Supondo-se que tenha havido um choque perfeitamente elástico, a bola manteve a velocidade relativa em relação ao caminhão, ou seja, 30 km/h. Sendo a massa do caminhão muito maior do que a da bola, sua velocidade não sofreu alteração. Na beira da calçada, chupando drops de aniz, vi a bola afastando-se parabolicamente do caminhão com velocidade relativa inicial de 30 km/h. Disse aos meus botões, para mim ela partiu a 60 km/h.
Descontando-se o fato do choque não ter sido perfeitamente elástico, pois esse tipo de colisão é ideal, conclui que a velocidade da bola aproximou-se dos 60 km/h.
Usando matemática e lembrando que o coeficiente de restituição é igual a 1, a solução ficou assim:
1 = (v' - 30) / 30
v' - 30 = 30
v' = 60 km/h
É notável a elegância da linguagem matemática, com pouco é possível dizer muito.
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